terça-feira, 16 de agosto de 2016

Dilma goumertizada

Por Carlos Brickmann.

Dilma goumertizada
Uma das primeiras medidas de Michel Temer, ao tomar posse na Presidência, foi extinguir o Ministério do Desenvolvimento Agrário, fortaleza dos petistas ligados a movimentos como MST e a militantes como João Pedro Stedile. Mas Temer está voltando atrás: deve recriar o MDA em setembro, igual ao que era – sem sequer uma placa de Sob Nova Direção.

Temer assumiu propondo cortes de despesa. Mas aprovou quase 200 bilhões em aumentos salariais. A proibição de aumento de salários nos Estados beneficiados pela renegociação de dívidas com a União, que o ministro Meirelles dizia ser inegociável, já foi negociada. Aquele déficit insuportável no Orçamento de Dilma, de R$ 170,5 bilhões, que Temer tinha a missão de cortar, já atingiu agora, em agosto, pouco menos de R$ 170 bilhões. Até dezembro, a que quantia chegará?

Arte de JBOSCO

A situação melhorou de Dilma pra cá. A Petrobras, livre da ordenha, deu lucro no trimestre – nada sensacional, mas melhor que o prejuízo dos três trimestres anteriores. Mas o que melhorou teve como causa a saída de Dilma, não a entrada de Temer. O presidente em exercício hesita na hora de agir com firmeza; aceita a situação político-econômica como se fosse boa.

Temer é mais aceitável que Dilma. É afável, não trata subordinados a palavrões, conhece mesóclises, fala um Português impecável. Mas falta-lhe decisão.

Arte de JARBAS

E o povo não foi para as ruas por querer uma Dilma bem-educada.

Ação, ação
O presidente Temer recebeu na quinta-feira alguns pesos-pesados do empresariado: Carlos Alberto Sicupira (AmBev), Edson de Godoy Bueno (Amil), Josué Gomes da Silva (Coteminas), Carlos Jereissati (Jereissati), Jorge Gerdau (Gerdau), Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Pedro Moreira Salles (Itaú-Unibanco), Pedro Passos (Natura); antes, tinha recebido Paulo Skaf e Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, presidentes das federações das indústrias de São Paulo e Rio.

Todos disseram algo parecido: que a indústria está perdendo as esperanças. Lembraram que, no mundo, há US$ 15 trilhões guardados que pagam juros em vez de recebê-los, e uma parte poderia vir para o Brasil se houvesse boas perspectivas. Temer prometeu estudar o assunto. Mas promessa de Temer é como “La garantía soy yo”.

Arte de AROEIRA

Dois desvios
Há quem atribua os recuos de Temer à má negociação. Nem Temer nem Meirelles saberiam negociar como se deve, e Eliseu Padilha deveria receber a missão. Outros acham que Meirelles e Temer sonham em candidatar-se à Presidência em 2018. E qual o cacique político que, sem negociar, daria apoio a um possível adversário futuro? Ambos teriam de dar garantias de que não seriam candidatos – por exemplo, deixando seus partidos.

Arte de FRANK



Um país como este
Em outros tempos era uma piada: a do rapaz, preso por assassínio do pai e da mãe, pedindo autorização ao juiz para sair e ir ao Baile de Órfãos. Já não é mais piada: Suzane von Richthofen, condenada a 39 anos por assassínio dos pais, saiu da cadeia no dia 11 para comemorar o Dia dos Pais. Suzane pediu para sair apesar de sua frustração anterior, quando deixou a prisão para o Dia das Mães e não teve com quem comemorar.

Em tempo: o benefício pode parecer estranho, mas é totalmente legal.

Arte de SPONHOLZ



Michel olímpico
Do presidente Michel Temer, comentando a morte de um policial da Força Nacional, no Rio: “Foi um lamentável acidente (…) o ritmo das Olimpíadas não fica paralisado por isso (…)”

O presidente que nos desculpe, mas a morte de um ser humano nada tem a ver com o prosseguimento das Olimpíadas. Este colunista é do tempo em que deliberadamente matar alguém a tiros se chamava “assassínio”, não “acidente”. O ritmo a seguir era localizar, prender e julgar o atirador.

Arte de ALECRIM

Vai que é mole
Escolher 12 de setembro como data para a Câmara julgar Eduardo Cunha é golpe baixo. Segunda-feira é um dos dias em que o Congresso normalmente não funciona. Sempre há alguns deputados por lá – mas quem estiver irá à posse da ministra Carmen Lúcia na presidência do Supremo Tribunal Federal. E, para cassar Cunha, são precisos 257 votos. 

Um plenário vazio beneficia Sua Excelência. Se houver pedido de adiamento da sessão, dia 13 não adianta: é dia de plenário vazio. Aí começa o recesso por causa das eleições. E o julgamento de Cunha fica para novembro.

Arte de MARIO


O nome do cargo
O presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, perguntou à sua sucessora, ministra Carmen Lúcia, se preferiria ser chamada de “presidente” ou “presidenta”. Carmen Lúcia: “Eu fui estudante e sou uma amante da Língua Portuguesa. Acho que o cargo é de presidente, né?”
Ainda bem: já pensaram aguentar uma nova presidenta?

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Dilma culpa muitos por impedimento, menos ela

Por Josias de Souza.

Dilma culpa muitos por impedimento, menos ela
Às vésperas de sofrer nova derrota no Senado, Dilma Rousseff discursou para uma plateia companheira em Curitiba, nesta segunda-feira (8). A certa altura, perguntou a si mesma quem são os responsáveis pelo “golpe” sem tanques de que se julga vítima. Expressando-se na língua confusa que costuma utilizar, muito parecida com o português, a presidente afastada disse o seguinte:

Em primeiro lugar, parte da mídia oligopolista. Em segundo lugar, mas não necessariamente nessa ordem, mas com uma certa simultaneidade, uma parte da oposição ao meu governo —a parte, vamos dizer assim, mais programática da oposição ao meu governo, que foi sendo substituída pela parte mais, diríamos assim, mais fisiológica, mais complexa, mas nem por isso menos ávida. É essa parte da oposição que representa hoje o governo provisório e interino, com a participação da outra: partes do PMDB, obviamente o ex-vice-presidente, atual presidente interino, e também o presidente afastado da Câmara Federal, senhor Eduardo Cunha. E toda uma parte do capital especulativo e financeiro. Acredito que outros segmentos podem ter sido atraídos. Mas esse é o núcleo duro.

Arte de MARIANO


Numa tradução livre do dilmês, o repórter suspeita que madame tenha desejado declarar que a culpa é de três setores da sociedade: a imprensa, a oposição que se juntou ao PMDB e a oligarquia financeira. Quer dizer: Dilma responsabiliza muita gente pelo seu fracasso, menos ela. Ou quebraram todos os espelhos do Palácio da Alvorada ou Dilma ficou cega. Uma pena.

Se tivesse olhado para o espelho pelo menos três vezes por dia, Dilma teria testemunhado o ocaso de uma presidente ruinosa. Despreparada, pressunçosa e dissimulada, transformou sua incapacidade pessoal num desastre histórico — um dos piores que o Brasil já viveu.

Arte de SPONHOLZ


Dilma fez sumir os brasileiros humildes que enchiam os aeroportos e divertiam Lula por deixar a “elite incomodada”. As companhias aéreas estão no chão. A conta de luz barata tornou-se pesadelo. O setor elétrico entrou em curto-circuito. Os juros de um dígito, que eram feitos de saliva, revelaram-se uma mágica fugaz. O investment grade que as agências de avaliação de risco deram ao Brasil, virou lixo. O “pleno emprego” deu lugar a quase 12 milhões de desempregados. O pré-sal não levou o Brasil à OPEP, mas à roubalheira da Lava Jato. E a ‘Pátria Educadora’ não passava de um slogan de marketing criado com verba do caixa dois.

Dilma não gosta de reconhecer os próprios erros. Para ela, quem deve uma autocrítica ao país é o PT. A legenda precisa explicar por que aderiu aos métodos dos cleptopartidos. Seria ótimo. Mas a diversão só ficaria completa se madame explicasse, com seu quase-português, por que diabos abandonou a noção de responsabilidade fiscal para tocar o país na base do vai ou racha. Rachou. O caso de Dilma não é de impeachment. Madame está prestes a ser mandada mais cedo para casa porque cometeu suicídio político.

domingo, 14 de agosto de 2016

Cadê a faixa que estava aqui...?

Por Josias de Souza.


Sumiram 4.500 itens do patrimônio da Presidência da República, aponta TCU

Auditoria do Tribunal de Contas da União constatou o sumiço de 4.500 itens do patrimônio da Presidência da República. Entre as peças cujo paradeiro é ignorado estão obras de arte, utensílios domésticos, objetos de decoração, material de escritório, computadores e até —espanto!, pasmo!!, estupefação!!!— a faixa presidencial. A novidade foi noticiada pelo repórter Robson Bonin, de Veja.



Relatório do TCU estima em R$ 5,8 milhões o prejuízo ao erário. “Há clara negligência da Secretaria de Administração da Presidência da República na guarda dos bens patrimoniais”, anota o documento. A auditoria foi deflagrada em março, como um subproduto da Lava Jato. Deu-se nas pegadas da descoberta de um cofre em que Lula guardava numa agência bancária de São Paulo presentes que recebera ao longo de seus oito anos como presidente.

Pela lei, presentes dados por chefes de Estado estrangeiros devem ser incorporados ao patrimônio da União. Sob Lula e Dilma Rousseff, constataram os auditores, essa regra foi ignorada. O morubixaba do PT foi brindado com 568 presentes. Encontraram-se no Planalto os registros de apenas nove peças. Sua afilhada política recebeu 163 presentes. Apenas seis foram incorporados ao patrimônio da União.

Arte de ZOP

Diante desse quadro, o TCU decidiu ampliar a busca. Ao final, relacionou as 4.500 peças não encontradas. Entre os objetos que sumiram, 391 deveriam estar no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República. Outras 114 peças desapareceram da Granja do Torto, utilizada como casa de campo pelos inquilinos do Planalto. Afora a faixa presidencial, há na lista computadores, equipamentos de segurança, peças da prataria, tapetes persas, porcelana chinesa, pinturas de artistas brasileiros… Era só o que faltava!

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Sobre humor e cangurus

Por Fernando Gabeira


Sobre humor e cangurus
Não precisamos de cangurus, mas sim de encanadores. A frase da chefe da delegação australiana na Olimpíada do Rio é mais do que uma tirada pragmática. Ela nos leva a pensar no humor. Quando prometeu os cangurus, diante das reclamações sobre problemas hidráulicos, Eduardo Paes estava fazendo humor. E, ao contrário do que ele costuma dizer, não é um humor carioca, apenas humor. Na verdade, não sei se existe um humor tipicamente carioca. Um dos maiores humoristas de todos os tempos, o carioca Millôr Fernandes era universal na maioria dos seus textos e pode ser incluído em qualquer boa seleção planetária.

Arte de JORGE BRAGA



Talvez exista um humor judeu, classificado, organizado em antologias, com traços marcantes, como a auto ironia de Woody Allen. Mas ainda assim é um esforço classificatório. No livro “O ato da criação”, Arthur Koestler descreve a dinâmica do humor e, de um modo geral, o atribui a um tipo de associação que expressa o encontro súbito de dois quadros do pensamento, uma centelha criativa que faz rir. Paes associou rapidamente um fato do mundo material, o entupimento das pias, para outro do mundo afetivo, os cangurus tão presentes no cenário australiano. A resposta australiana recolocou o quadro real da demanda.

Arte de OLIVEIRA



Se examinarmos o quadro clássico da dinâmica do humor, ele apenas introduziu uma centelha criativa, com o propósito de fazer rir. No entanto, carioca ou judeu, o humor está sujeito a uma condição universal: tem ou não tem graça? É difícil aceitar a tese de um humor carioca, sempre que o prefeito do Rio diz uma frase infeliz. Existe um estado de espírito mais descontraído talvez. Mas ele também está sujeito ao julgamento do outro.

Arte de CAZO

Se as frases de Paes expressam um típico humor carioca, era de se esperar que os cariocas fossem discretamente evitados por outros povos: lá vêm aqueles caras, com aquelas piadas sem graça. E não é isso o que acontece nas relações entre eles e o mundo. É compreensível que pessoas modestas atribuam seus talentos à sociedade em que trabalham, que socializem a celebração de suas conquistas. Mas torna-se um pouco difícil atribuir frases das quais ele próprio se arrepende a um traço da sua própria cultura. Como os cariocas, por serem cariocas, estivessem condenados culturalmente a dizer coisas sem graça, nas circunstâncias mais sérias. A resposta da australiana, Kitty Chiller — “precisamos de encanadores” — jogou Paes na realidade e foram feitos avanços nas reparações. Ministros de Brasília andaram dizendo que isso acontece mesmo com prédios novos. É a inversão do senso comum. Seria como dizer: meu carro é novo, por isso não sai da oficina.

Arte de NEO CORREIA


O diálogo Paes-Chiller me jogou também numa outra dimensão da realidade. Se uma obra que custou R$ 2,9 bilhões, inaugurada com exposição internacional, foi entregue assim, o que acontece com as outras ao longo do Brasil, escondidas das câmeras, anônimas? Cobrindo uma enchente num bairro popular de São Gonçalo, a moradora me convidou para entrar em sua casa e ver o resultado de uma recente obra de saneamento. Simplesmente os canos devolviam esgoto para dentro de casa. Naquele momento, senti muito que ela fosse obrigada a viver naquelas circunstâncias desagradáveis. Era apenas uma velha senhora de São Gonçalo. O que vemos hoje atrela aquele destino individual à própria imagem do Brasil.

Arte de LUSCAR


As reportagens mais críticas e dolorosas referem-se sempre aos graves problemas de saneamento. Uma atleta americana postou para seus seguidores: vou remar na merda por vocês. Num sentido mais amplo, a chefe da delegação australiana falou por todo o Brasil: precisamos de encanadores. Impossível esconder de uma superexposição internacional o fato de que ainda não resolvemos no XXI o problema que alguns países resolveram no século XIX, como o saneamento básico. Não é preciso ir aos bairros mais pobres para constatar essa realidade. As lagoas são um termômetro. Todas, e especialmente a Baía de Guanabara, são poluídas e decadentes. A opção de realizar a Vila Olímpica na Barra consagra um tipo de crescimento que segue o ritmo do próprio comércio imobiliário. Ao fugir das grandes concentrações, a expansão impõe ao governo custos muito altos para instalar a infraestrutura. A frase da australiana Kitty Chiller não é todo estranha à Barra de Tijuca de hoje.

Arte de ANGELI

Mas, certamente, ao apontar o crescimento para a região, ela pode se tornar profética: precisamos de encanadores. De uma certa forma, a Lava-Jato nos ajudou nisso. Grandes empreiteiras como a Odebrecht não terão condições de repetir seus métodos. E não poderão substituir o planejamento pela lista das obras que querem construir. O colapso dessas grandes empresas talvez abra caminho para se enfrentar com mais eficácia a tarefa do saneamento.

Arte de SPONHOLZ


Se isso acontecer será também um legado da Olimpíada, teremos encanadores e os canos que ainda nos faltam;

Link

terça-feira, 2 de agosto de 2016

O Brasil visto lá fora - Roda Viva


Sugestão de Otoniel Costa

Cinco correspondentes internacionais que trabalham no Brasil. Eles falam sobre os desafios da cobertura jornalística no país e a interpretação da imprensa estrangeira quanto aos assuntos do momento, como o processo de impeachment, a crise econômica e os preparativos para a Olimpíada do Rio, entre outros.





segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Lulla... seu destino se aproxima

Por Eliane Castanhéde.

´O mais pesado`
A “fonte” é quente: o que já saiu não é nada leve, mas as denúncias “mais pesadas” contra o ex-presidente Lula ainda estão por vir. É por isso que Lula e seus advogados se antecipam, em busca de uma duvidosa proteção no Comitê de Direitos Humanos da ONU. No ambiente político, a sensação é de que foi um ato de desespero, indicando que Lula sabe que pode ser preso e estaria aplainando terreno para um futuro pedido de asilo político.


Obstrução de Justiça ao tentar evitar delações premiadas contra amigos e contra si, ocultação de patrimônio no caso do sítio e do triplex, suspeita de palestras fictícias para empreiteiras, envolvimento do filho na Zelotes... tudo isso, que já não é pouco, é apenas parte da história. Os investigadores estão comendo o mingau pelas bordas, até chegar ao centro, fervendo.

No centro, podem estar as perigosas relações de Lula com o exterior, particularmente com Portugal, Angola, Cuba e países vizinhos. E o calor vem da suspeita – com a qual a força-tarefa da Lava Jato trabalha – de que Lula seja o cérebro, ou o chefe da “organização criminosa”. No mensalão, ele passou ao largo e José Dirceu aguentou o tranco. No petrolão, pode não ter a mesma sorte – nem escudo.



Lula tornou-se réu pela primeira vez, na sexta-feira, pelo menor dos seus problemas com a Justiça: a suposta tentativa de evitar a delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró, para que ele não abrisse o bico sobre as peripécias de seu amigo José Carlos Bumlai. Peripécias essas que seriam para atender a interesses, conveniências e possivelmente pedidos de Lula.

Digamos que tentar obstruir a Justiça é um “crime menor”, quando Lula é suspeito de ter ganho fortunas e viver à custa de empreiteiras, numa rede de propinas, de toma lá, dá cá. Menor, mas impregnado de simbologia e de força política.



Os fatos embolaram-se de quinta para sexta-feira, num ritmo de tirar o fôlego. Lula entra com a petição no Comitê da ONU, acusando o juiz Sérgio Moro de “abuso de poder” e “falta de imparcialidade”. Ato contínuo, sai o laudo da PF mostrando, até com detalhes constrangedores, como o ainda presidente e Marisa Letícia negociaram cada detalhe da reforma de um sítio que juram não ser deles e cujo dono oficial é um íntimo amigo que não tem renda para tal patrimônio. E, já no dia seguinte, explode a decisão da Justiça Federal do DF tornando Lula réu.

O efeito prático da petição à ONU é remoto, ou nenhum. O comitê tem 500 casos, só se reúne três vezes por ano e está esmagado por guerras, atentados que matam dezenas e golpes de Estado sangrentos. Além disso, só acata pedidos semelhantes quando todas as instâncias se esgotaram no país de origem e Lula ainda está às voltas com a primeira instância. Conclusão: a ação é mais política do que jurídica.



Já o laudo da PF é minucioso e bem documentado, criando uma dificuldade adicional para Lula: ele é suspeito de mentir sobre suas propriedades não apenas em seu depoimento às autoridades, mas à própria opinião pública. Difícil acreditar que não é dono do sítio que frequenta regularmente com a família, que recebeu uma reforma feita ao gosto do casal, que abriga os barcos para os netos e parte da mudança do Alvorada após o governo. Se mentiu, por que mentiu?

Mais: Lula atacou Moro na ONU, mas se torna réu por um outro juiz, a muitos quilômetros de Curitiba. Vai alegar que há um complô dos juízes brasileiros contra ele? Porque são todos “de direita”? Ou são todos “tucanos”? Lula parece dar murro em ponta de faca, sem argumentos concretos para se defender e esgotando suas possibilidades não só de disputar em 2018, mas de liderar uma grande e saudável renovação da esquerda brasileira. “Cansei”, reagiu. Mas, se a “fonte” estiver correta, o “mais pesado” ainda vem por aí.